Afinal qual é o vinho que casa melhor com os pratos são-tomenses??

Hoje vamos tentar combinar pratos típicos de São Tomé e Príncipe com vinhos portugueses.

Apesar de São Tomé e Príncipe não ser produtor de vinhos, ou apresentar uma elevada percentagem de consumo, existe o hábito de beber vinho à refeição, especialmente vinho tinto.

Será que os são-tomenses conhecem a enorme diversidade existente no universo dos vinhos? Será que sabemos fazer um casamento perfeito entre a nossa gastronomia e o vinho? Ou será que bebemos só por beber?

Essas são questões que vamos tentar responder já a seguir.

Antes de começar este artigo, faremos uma introdução básica que de certeza não será novidade para muitos de vós.

A maioria das pessoas sabe que regra geral os vinhos brancos casam melhor com peixe e os tintos com carne; sabem também que os pratos leves pedem vinhos igualmente leves e os pratos condimentados casam muito bem com vinhos encorpados; sabem também que vinhos aromáticos (frutados ou florais) acompanham muito bem pratos temperados com ervas aromáticas e especiarias, que vinhos adstringentes e com boa acidez ligam bem com pratos com mais gordura.

Para quem não sabe, vinhos adstrigentes são vinhos com forte presença de taninos, normalmente, quando bem produzidos são vinhos com mais acidez, indicados para pratos fortes, pois só assim conseguem prevalecer sobre os mesmos.

Como é de senso comum, para todas as regras existem exceções, e neste caso não é diferente, nem poderia deixar de ser. O interessante no “food and wine pairing” é sair da normalidade e quebrar regras, no sentido de levar o mais longe possível a harmonia entre o vinho e a gastronomia, imaginando e concebendo a possibilidade de variáveis infinitas, sempre em busca do equilíbrio perfeito.

Apesar de atualmente muitas famílias são-tomenses elegerem o vinho tinto para acompanhar as suas refeições, podemos dizer, que no geral, este casamento não é propriamente o mais adequado por diversas razões. São elas o facto de possuirmos uma gastronomia com base no peixe e em hidratos (banana, mandioca, matabala e agora arroz), rica na utilização de ervas aromáticas e com intensa utilização de óleo de palma (uma gordura com níveis altos de acidez) e vivermos num clima quente e húmido, sendo que o vinho tinto, por norma, é consumido à temperatura ambiente, o que não se recomenda de todo. O mesmo é dizer que o incorrecto serviço de vinho contribui para piorar a optimização do seu desfrute.

Na realidade o consumo generalizado de vinho tinto nas ilhas é relativamente recente, uma vez que antes da independência, existia a percepção que o vinho branco e o rosé eram os preferencialmente consumidos.

Para além destas razões, o vinho tinto não é o mais indicado para o perfeito casamento com a nossa gastronomia, uma vez que, os vinhos mais importados e consumidos são os vinhos tintos jovens, muito aromáticos, com elevado teor alcoólico e de açúcar residual, que são transportados e vendidos em condições inapropriadas (expostos a oscilações brutais de temperatura e a más condições de armazenagem).

Afinal de contas qual será o vinho que melhor combina com o Calulu, quer seja de peixe quer seja de carne?

Apesar de muitos não se terem apercebido deste facto, apesar de poder parecer uma combinação estranha, a verdade é que a combinação ideal para o calulu é o espumante, especialmente o champanhe ou o espumante bruto seco (há-os bons e acessíveis produzidos em Portugal, nas regiões demarcadas do Dão ou da Bairrada, p/ exemplo), com pelo menos 7 / 8 anos, isto porque o calulu é um prato forte, gordo, condimentado, com grande presença aromática e um pouco amargo e acídulo.

Outros vinhos que também casam muito bem com os nossos pratos são os vinhos rosés secos, bem como os vinhos brancos mais estruturados e envelhecidos das mesmas regiões portuguesas acima mencionadas e também das regiões de Lisboa (Bucelas), Verdes (Alvarinhos de Monção e Melgaço). Estes últimos combinam muito bem com o cozido de banana, e com o feijão à moda da terra entre outros pratos.

Com isto, não pretendemos afirmar que o vinho tinto não seja compatível com a gastronomia são-tomense, o que pretendemos aqui é propor e sugerir alternativas de forma a melhorar e a otimizar combinações. Nesse sentido e sabendo que o perfil de vinho tinto que melhor se adapta à nossa gastronomia exige vinhos com forte presença de taninos e acidez vibrante, remete-nos para um perfil de vinhos pouco populares, vinhos exigentes, que normalmente só encontram equilíbrio após passarem anos em garrafas, vinhos habitualmente caros. Exemplos dos mesmos são os vinhos de regiões portuguesas como o Tejo (quando sublimes), o Dão (clássico), a Bairrada (baga), a Borgonha (França) e, até, a Rioja (Espanha).

Os hábitos e costumes são adquiridos, muitas vezes por capricho ou simplesmente por imitação, os bons hábitos por outro lado, aprendem-se. Como disse uma grande mulher, “pensamos sempre que aquilo que os outros bebem ou fazem é sempre melhor do que aquilo que temos e fazemos”. Isto deve-se ao uso exagerado e muitas vezes inexperiente dos vinhos tintos, ora porque pertencem a uma grande marca, ora para mostrarmos aos outros que sabemos beber um bom vinho.

Mais que beber, temos que saber como beber, porque beber um bom vinho com um bom prato mas desadequado, destrói todo o prazer que o momento de uma boa refeição pode proporcionar.

Vinho tinto com calulu

Afinal o que é o óleo de palma?

Sabias que o óleo de palma é o famoso óleo vegetal que encontramos mencionado em inúmeros produtos alimentares?

Óleo de palma

Pois é meus queridos, podemos encontrá-lo em diferentes tipos de indústrias, que vão desde a indústria alimentar onde estão presentes em produtos como chocolates, massas, manteiga, cremes, biscoitos, gelados, bem como na indústria cosmética em produtos como detergentes, sabão e sabonetes.
Originário da África Ocidental, mais especificamente do Golfo de Guiné, este produto que também é conhecido por muitos como azeite de dendém é um dos óleos vegetais mais consumidos no mundo.
Conhecido há mais de 5.000 anos, o óleo de palma foi levado para o continente americano no século XV.

Dendém


Utilização na nossa vida quotidiana

O óleo de palma tem um importante papel na gastronomia típica de vários países, assim como uma presença bastante forte na gastronomia africana, americana e asiática, sem ele não existiriam pratos como: calulu, moamba, moqueca, farofas, caruru, xinxim, bobó, vatapá e acarajé, entre muitos outros. O mesmo se aplica aos pratos dos quais serve como acompanhamento como a banana com peixe.
Nestes países como é o caso de São Tomé e Príncipe, dada a sua abundância é também usado como substituto do óleo pelas famílias mais carenciadas, visto ser mais barato ou de mais fácil acesso.
Está provado cientificamente que atua na prevenção de muitas doenças, que hidrata a pele, que ajuda no combate a diversas infeções e que contribui para o desenvolvimento normal dos dentes, bem como manter o cabelo saudável.
Por estas razões, que em países como a Malásia e a Indonésia verifica-se a destruição de áreas consideradas protegidas, utilizadas para as plantações do dendezeiro, a palmeira de onde tem origem o famoso óleo de palma. Este facto acontece porque este produto é um dos principais geradores de riqueza nestes países.

Sabias que um hectare de dendezeiro produz em média 5 toneladas de óleo de palma anualmente?
Óleo de palma queimado

Pois é, isto é mais de que o triplo da produção de um óleo vegetal normal. Isto faz com que muitos países queiram apostar neste produto, pois necessita de menos área de plantação que os outros óleos e produz o dobro, para além de ser muito caro e de servir para a produção de biodiesel.

Este produto é também muito rico em vitamina E, pois ajuda a manter a nossa pele jovem e saudável, bem como protege do envelhecimento e ajuda no combate às rugas.
Ao nível da saúde capilar, define os cachos dos cabelos ondulados e trata os cabelos ressecados deixando-os com mais brilho e super macios, por isso é que está muitas vezes presente nos cremes de hidratação.

Em São Tomé e Príncipe, óleo de palma é de uma extrema importância, principalmente no que diz respeito a pratos típicos, como ocalulu, o Ijógo, o Feijão à Moda da Terra, entre muitos outros pratos também de grande importância.


Fruta pão com concon e óleo de palma

Calulu o prato além fronteiras....


Sabias que o famoso Calulu que nos foi trazido pelos angolanos na época colonial e que hoje é um dos pratos mais importantes na gastronomia são-tomense, se não o mais importante também existe no Brasil, mais especificamente na Baía com o nome de Cururu?


Afinal o que é caruru?

Caruru, é um cozido de quiabos, que costuma ser servido com acarajé ou abará, com pedaços de carne, frango ou peixe, camarões secos, óleo de palma e pimenta.

É prato típico da culinária baiana, com ascendéncia africana. É usado como prato do ritual do candomblé.



Este prato como todos os outros, ao longo dos anos tem sofrido algumas alterações, como também podemos constatar no calulu de São Tomé e Príncipe e a de Angola, que devido a globalização, as influências europeias e a falta de tempo, tem feito com que este prato já não seja o que foi há muitos anos atrás.

Acompanhamentos


O caruru pode ser servido com arroz branco, mariscada, galinha ou moqueca de peixe ou de bacalhau.

Semelhanças e diferenças:

À semelhança do calulu, o caruru tem como ingredientes principais, o quiabo e o azeite de palma e o facto de este poder ser confencionado com peixe ou galinha, bem como pelos seus acompanhamentos como é o caso de arroz ser muito frequente em ambos.

Quanto às diferenças, essas são muitos, ao contrário de calulu de São Tomé e Angola, o caruru não leva as folhas  que são o ingrediente que mais carateriza a gastronomia são-tomense e que a torna tão única  e peculiar, nem o maquêquê, mússua, óssame, beringela, pau de pimenta, mosquito, fruta-pão, farinha de mandioca entre muitos outros.

Como podemos constatar, apesar de haver algumas semelhanças entre estes dois pratos, ainda existem muitas diferenças.

Mas é isto que torna o nosso calulu tão único e belo, pois não existe igual em nenhuma parte do mundo.



Caruru

Calulu de Angola

Calulu de S. Tomé e Príncipe




Duas ilhas gémeas de beleza impar


Este blog tem como principal objetivo divulgar, promover e valorizar a gastronomia são-tomense verso  gastronomia lusofonas e as suas influências.

São Tomé e Príncipe

Conhecidas como as ilhas de Chocolate

São Tomé e Príncipe é um estado insular localizado no Golfo da Guiné a cerca de 300 km do continente africano. Localiza-se nas ilhas no Golfo da Guiné, logo acima da linha do Equador, a oeste do Gabão.

É composto por duas ilhas principais - a ilha de S. Tomé e a ilha do Príncipe e várias
ilhotas, num total de 1 001 Km2, sendo o segundo País mais pequeno de África, depois

das Ilhas Seychelles.

Atuamente o país é constituído por mais ou menos 190 mil habitantes.
Mapa de São Tomé  Príncipe

Praia



 
Cacho de Banana
Banana a "rainha das frutas"

O quarto alimento vegetal mais consumido no mundo, superada apenas pelo arroz, trigo e milho e a segunda fruta mais consumida do planeta perdendo apenas para a laranja, a banana é um dos principais alimentos do planeta, principalmente para os países Asiáticos, africanos e latinos-americanos.


Afinal o que é a banana?


É uma pseudobaga da bananeira, uma planta herbácea da família Musaceae. 

Apesar de muitos pesquisadores não conhecerem a origem deste fruto, muitos consideram que este é oriundo do Sudeste Asiático, especificamente da Índia, onde é cultivadas há muitos anos.

Entre todas as frutas, nenhuma possui qualidades superiores às da banana, nem é tão apreciada pelo homem e, principalmente, pelas crianças. Os petizes preferem bananas a qualquer outra fruta.

É uma fruta para todas as idades, para todas as mesas, para todas as classes sociais. Crianças e velhos, sãos e enfermos, ricos e pobres, todos podem dela alimentar-se. É a fruta das frutas.

Entre os sais minerais contidos na banana destacam-se: o potássio, o sódio, o fósforo, o cloro, o magnésio, o enxofre, o silício, o cálcio, todos eles essenciais ao corpo humano.

A banana contém as vitaminas A, B1, B2, B5, (niacina) e C, além de algumas outras, menos importantes para o nosso organismo.

Considerado originário do Sudeste Asiático,este fruto é cultivado em 130 países, sendo que atualmente existe em quase todas as regiões tropicais do planeta.  Os dez maiores países produtores representam mais de 75% da safra mundial. Em algumas dessas regiões, a atividade destaca-se como uma das principais fontes de rendimento e emprego.

O continente asiático lidera a produção desta fruta, com 58% do volume produzido; o americano encontra-se em segundo lugar, com 26% (América do Sul, com 17% e a América Central, com 8%); e o africano, em terceiro lugar, com 14%.
Distribuição das bananas no mundo - 2012


A Índia lidera a produção de banana no ranking mundial, sendo responsável por 28,1%. A China, com 10,1%, vem em segundo lugar, seguida pelas Filipinas, com 8,6%; Equador, com 7%; Brasil, com 6,9%; e Indonésia, com 5,8%.



Principais produtores de banana 2015

A banana é objeto de grande comércio internacional, sendo os Estados Unidos o principal consumidor, e a América tropical o principal produtor.


Variedades:


Entre espécies cultivadas e selvagens, são quase mil os tipos de banana espalhadas pelo mundo, todas identificadas pelo nome científico Musa. Elas têm os mais diversos tamanhos, da pequena Musa sapientum, a banana-ouro brasileira, que não ultrapassa 10 centímetros e 50 gramas, até à exagerada Musa ingens, que cresce nas florestas da Nova Guiné e atinge quase 1 quilo em seus 50 centímetros de comprimento. 

Alguns historiadores suspeitam que a banana seja a fruta mais antiga do planeta.

Banana-ouro: tem casca amarela e fina, com polpa também amarela. Mede de 5 a 7 cm. É ligeiramente encurvada. Conhecida no Norte e Nordeste do país com o nome de “inajá”, é uma das mais cultivadas.

Banana-prata: tem casca de cor amarela e polpa creme, medindo de 10 a 15 cm. É a mais popular.

Banana nanica ou caturra: tem casca amarela e polpa brancacenta (creme). Em outras regiões, recebe o nome de banana d’água ou nanicão. O tamanho varia de 12 a 20 cm. 

Banana-maçã: tem casca fina e amarela, polpa branca, macia e perfumada. Mede de 5 a 10 cm. Por ser mais digestiva, é a mais indicada pelos pediatras para recém-nascidos.

Banana-da- terra/pão: Os frutos podem chegar a 26 centímetros de comprimento e pesar até meio quilo, contendo 122 calorias a cada 100 gramas. É o tipo com mais quantidade de Vitamina A e C. É ideal para pratos cozidos ou fritos.

As cinco variedades de banana


Importância da Casca da banana


Apesar de parecer não utilizável, a casca da banana contém vários nutrientes, açúcares naturais como a glicose e sacarose e minerais. Com isso, pode ser aproveitada no consumo alimentício, proporcionando baixo custo sem deixar para trás o bom paladar. São diversos os exemplos pelos quais se pode aproveitá-la, como o brigadeiro de casca de banana, o bolo de casca de banana, a farinha, o bife empanado de casca de banana e vários outros.

A banana em São Tomé e Príncipe

Em São Tomé, minha terra natal, a banana é o alimento por excelência principalmente para os mais desfavorecidos, sem esquecer com ela se podem fazer pratos requintados em que a banana substitui o arroz, batata e outros alimentos que a Europa considera indispensáveis. 
Banana assada com peixe grelhado com azeite de palma

Banana frita com chocos grelhados e fruta pão



Curiosidade....

Sabias que o interior da casca da banana pode ser usado para limpar/tratar objetos de cabedal desde: sapatos e carteiras até sofás?
    "Bocado" Ou Quarta- feira de cinzas

    É uma manifestação cultural, de carater religioso, que se realiza geralmente na quarta-feira de cinzas, normalmente este dia é no dia seguinte ao Carnaval.

    Ato do bocado
    Neste dia, as famílias reúnem-se no quintal ou à volta de uma mesa, onde a matriarca ou o patriarca serve à boca a comida típica que por norma é o Calulu, à sua família por ordem de idades: do mais velho para o mais novo.


    O ato do "Bocado" acontece no momento em que  matriarca ou o patriarca retira a comida da panela e a leva à boca dos membros da família.

    Este dia também simboliza o primeiro dia de quaresma, onde os cristãos iniciam o jejum de carne durante Quarenta Dias, até ao Domingo de Páscoa, sendo que neste dia os pratos confecionados são todos à base de peixe.

    O menu típico 

    Calulu de peixe, izaquente de azeite de palma e o milho doce.

    Estes também podem ser substituídos por: Ijogó, Blabla e mizangé, os dois primeiros têm por base o calulu apesar que o mizangé é o mais idêntico.

    Calulu de peixe
    Milho doce


    Izaquente de Azeite




    Esta tradição ao longo dos anos tem vindo a perder-se, será devido à perda de espaço da igreja católica na sociedade são-tomense, ou pelo simples facto da mesma se estar a tornar cada vez mais individualista?

    Na vossa opinião porque que acham que muitas famílias são-tomenses tem deixado de lado esta tradição?



    Em São Tomé e Príncipe, como muitos sabem é usual comermos peixinho grelhado  acompanhado ou com banana cozinha, ou fruta-pão assado ou batata doce.

    Agora é só escolher qual é a sua preferência
    Peixe andala grilhado com banana cozida


    Vermelho grelhado
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